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Legaliza��o dos jogos no Brasil: jogo do bicho e ca�a-n�quel - Bloco 3

Estima-se que o jogo do bicho, mesmo clandestino,?? empregue meio milh�o de pessoas e movimente R$ 12 bilh�es por ano.

H� quem defenda a legaliza��o como forma de combater?? a propina e a corrup��o policial.

Mas a proposta preocupa o Minist�rio P�blico, porque pode favorecer a lavagem de dinheiro.

A procuradoria?? defende que esse mercado continue na clandestinidade e seja atacado pelo Estado para ser reduzido.

A legaliza��o dos jogos no Brasil?? � o tema da reportagem especial desta semana.

Confira, agora, o terceiro cap�tulo.

O Marco Regulat�rio dos Jogos, em tramita��o no Congresso?? Nacional, pretende revogar tr�s decretos-leis editados entre 1941 e 1946 � ou seja, h� mais de 70 anos � que?? proibiram os cassinos no pa�s e tornaram o jogo do bicho ilegal.(Decreto-Lei 6.259/1944; os arts.

50, 51, 52, 53, 54, 55,?? 56, 57 e 58 do Decreto-Lei 3.

688/1941- Lei das Contraven��es Penais; e o Decreto-Lei 9.215/1946).

Em 1941, o jogo do bicho?? passou a ser uma contraven��o penal.

E em 1946 os cassinos, que funcionavam livremente, foram fechados pelo ent�o presidente Eurico Gaspar?? Dutra.

O historiador Luiz Carlos Prestes Filho, filho do lend�rio l�der comunista Luiz Carlos Prestes, tem uma explica��o pol�tica para a?? medida, diferente da vers�o oficial, ligada a quest�es morais:

"O objetivo era impedir que os propriet�rios de cassinos e jogos em?? geral direcionassem recursos financeiros para partidos pol�ticos progressistas.

O Dutra, o presidente, sabia muito bem que o irm�o do Get�lio Vargas,?? o Benjamim Vargas, era o principal, um dos principais acionistas do cassino Quitandinha e do cassino da Urca."

Na proposta de?? legaliza��o em tramita��o no Senado um �rg�o do governo federal ficar� encarregado de liberar licen�as para cassinos, bingos e empres�rios?? do jogo do bicho.

No caso do jogo do bicho, a fiscaliza��o da atividade ficaria a cargo dos munic�pios e do?? Distrito Federal.

E as autoriza��es teriam prazo determinado.

De acordo com o Instituto Brasileiro Jogo Legal, o jogo do bicho, mesmo clandestino,?? movimenta por ano R$ 12 bilh�es.

O presidente da entidade, Magno Jos� Santos de Sousa, estima que a legaliza��o v� criar?? 450 mil empregos formais.

Ele comparara os n�meros com os empregos gerados pelas loterias da Caixa Econ�mica Federal, que hoje tem?? o monop�lio dos jogos no pa�s:

"A Caixa comercializa suas nove loterias atrav�s de 13 mil lot�ricas, enquanto a rede do?? jogo do bicho � de 350 mil pontos de venda por todo o pa�s.

Al�m disso, o jogo do bicho emprega?? em torno de 450 mil pessoas, todas elas praticamente, a grande maioria, na informalidade.

Ou seja, legalizar as atividades seria trazer?? imediatamente 450 mil pessoas para o mercado formal."

Na C�mara, uma comiss�o especial analisa 14 projetos (PL 442/91 e outros) que?? legalizam os jogos, inclusive bingos, cassinos e jogo do bicho.

Um dos integrantes da comiss�o, o deputado C�sar Halum, do PRB?? do Tocantins, defende a legaliza��o como maneira de combater a corrup��o policial:

"Eu, esses dias, uma pessoa simples, humilde, l� do?? meu estado, me cercou na rua e disse: olha, esse jogo legalizado vai acabar esse neg�cio de pagar propina para?? a pol�cia.

Quando voc� legaliza, voc� conserta uma s�rie de coisas, n�? Ent�o tem pr�s e tem contras."

A comiss�o da C�mara?? tem debatido problemas pr�ticos da legaliza��o.

Uma delas: como evitar a concorr�ncia entre as diversas modalidades.

A ideia � limitar o n�mero?? de cassinos e casas de bingo.

Mas, e as m�quinas de ca�a-n�quel? A proposta em tramita��o no Senado n�o faz men��o?? a elas.

Na C�mara, h� quem defenda que elas possam ser instaladas nas lot�ricas, uma maneira de fortalecer o setor, que?? est� em crise.

Um dos defensores da proposta � o deputado Herculano Passos, do PSD de S�o Paulo:

"Para fortalecer as lot�ricas,?? a ideia � colocar, inclusive, as m�quinas de ca�a-n�quel, como vai ser regularizado em cassinos, e hoje tem m�quinas em?? todo lugar, clandestinamente, seria uma forma de a gente regulamentar, poder cobrar o imposto das m�quinas, dentro da lot�rica, que?? � muito compat�vel com a estrutura de uma lot�rica."

A quest�o n�o � t�o simples.

O presidente da comiss�o especial, deputado Elmar?? Nascimento, do Democratas da Bahia, alerta que, se os ca�a-n�queis, ou slot-machines, forem instalados nas lot�ricas, os empres�rios do bicho?? tamb�m v�o querer e, nesse caso, passariam a ser concorrentes dos cassinos:

"A partir do momento que voc� altera para permitir?? slot-machines em lot�ricas, o banqueiro do bicho tamb�m quer, tamb�m defende que bote na banca do bicho, voc� inviabiliza os?? cassinos."

H� tamb�m quem defenda que as lot�ricas possam funcionar como pontos de jogo do bicho.

Mas a� quem n�o vai gostar?? s�o os bicheiros, como analisa o relator da comiss�o especial, deputado Guilherme Mussi, do PP de S�o Paulo:

"A partir do?? momento que voc� regulamente o jogo do bicho, eles podem ter os pontos de apontamento de jogos, eles n�o teriam?? interesse, acredito eu, de dividir essa entrada de receita com as lot�ricas."

A legaliza��o de atividades hoje ilegais, como o jogo?? do bicho, preocupa o Minist�rio P�blico.

Para Peterson de Paula Pereira, secret�rio de Rela��es Internacionais da Procuradoria-Geral da Rep�blica, � perigoso?? liberar atividade para quem hoje est� na clandestinidade:

"� um mercado que opera nas sombras hoje, em que � fundamental que?? continue nas sombras e seja atacado pelo Estado para www caixa loterias mega sena resultados redu��o, porque a coloca��o desse segmento na licitude vai propiciar?? uma s�rie de atividades, principalmente a lavagem de dinheiro num ambiente hoje internacional, em que h� um cerco maior da?? lavagem de dinheiro."

Outra preocupa��o � com as pessoas que ficam viciadas nos jogos, os chamados ludopatas.

Na C�mara, uma das propostas?? que pode ser adotada � criar um cadastro de ludopatas, que ficariam proibidos de entrar em cassinos e casas de?? bingo.

Essa restri��o, por�m, n�o existe na proposta do Senado, que se limita a prever campanhas de conscientiza��o dos riscos.

O advogado?? Paulo Fernando Melo, do Movimento Brasil sem Azar, diz que os preju�zos com o problema podem ser maiores que os?? lucros gerados:

"Os jogadores com problemas no jogo, os jogadores patol�gicos, ludopatas, resultam em gastos consider�veis a suas fam�lias, a seus?? empregadores, aos contribuintes e a v�rias institui��es.

Ou seja, os Estados Unidos gastam uma fortuna, mais de 53 bilh�es, com os?? custos destinados a atender essas pessoas que s�o afetadas pelo jogo."

Na comiss�o especial da C�mara, poucos deputados alertam para o?? risco do v�cio.

Um deles � Luiz Carlos Hauly, do PSDB do Paran�, que viveu o problema na fam�lia:

"O jogo n�o?? � gerador de riqueza, como est�o dizendo aqui que vai gerar riqueza e impostos.

N�o �! O jogo � consumidor de?? riqueza, ele � um predador da riqueza, ele � um predador da economia familiar.

E falo de conhecimento familiar.

J� tive familiares?? que faliram por conta do jogo do chamado 21, que hoje � o black jack.Quebrou."

E, entre o p�blico-alvo dos jogos,?? quem tem mais risco de se viciar s�o os idosos, como aponta o m�dico Alexandre Kalache, presidente do Centro Internacional?? de Longevidade Brasil:

"Eu n�o sei se � bom ou mal para o Brasil a quest�o dos jogos.

Eu sei que muitas?? vezes, e vi isso pelo mundo, que as pessoas idosas s�o as pessoas que mais jogam.

Mas isso tamb�m tem um?? car�ter negativo.

Elas acabam viciadas, eu vi isso em v�rios pa�ses."

O relator da comiss�o especial da C�mara, deputado Guilherme Mussi, do?? PP de S�o Paulo, aguarda o Plen�rio do Senado aprovar o Marco Regulat�rio dos Jogos para transformar a proposta em?? uma s�.

(Clique aqui e ou�a a reportagem na R�dio C�mara - Reportagem � Ant�nio Vital - Edi��o � Mauro Ceccherini?? - Trabalhos T�cnicos � Ribamar Guimar�es)