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Atletas trans t�m vantagens sobre atletas cis? Deveriam haver modalidades apenas para pessoas trans? Especialistas consultados pela Ponte contam a verdade sobre esses e outros mitos

Ilustra��o: Antonio Juni�o / Ponte Jornalismo

N�o � raro ver nas redes sociais epis�dios de transfobia sempre que algum atleta trans consegue obter algum feito esportivo de destaque.

Assim foi com a jogadora Tiffany Abreu, quando passou a jogar a superliga de v�lei, principal competi��o da modalidade do pa�s.

Quem tamb�m passou a receber cr�ticas por seu desempenho dentro das piscinas foi a nadadora norte-americana Lia Thomas, ap�s se tornar a primeira mulher n�o-cis (cis � a pessoa que se identifica com o g�nero com o qual foi designada no nascimento) a vencer um torneio de nata��o universit�ria nos EUA.

As cr�ticas e ofensas a essas atletas s�o de toda ordem, passando pelas quest�es de g�nero e pautas sobre minorias, mas grande parte dos coment�rios maldosos versa sobre uma poss�vel vantagem f�sica que as mulheres trans teriamcasino evolutionrela��o a outras competidoras por terem nascido com um arranjo biol�gico considerado masculino.

Em mar�o deste ano, a presidente do Sindicato dos Delegados do Estado de S�o Paulo, Raquel Gallinati, fez uma postagem nacasino evolutionconta do Instagram, na qual afirmou que atletas trans "tiram o espa�o que nos levou d�cadas de muito luta" e que promovem a "exclus�o de mulheres do esporte feminino".

Nos coment�rios feitos nas redes sociais da Ponte ap�s a publica��o da reportagem que citava o posicionamento da delegada, v�rios usu�rios defendiam a posi��o de Gallinati e corroboravam que mulheres cis n�o t�m paridade esportiva com as trans.

"As trans devem ter de uma categoria para elas.

N�o h� como achar mulheres "cis" tenham alguma chance no esporte competindo com trans, gente! � biologicamente imposs�vel.

H� pa�ses que s� agora permitiram que mulheres competissemcasino evolutionesportes", disse uma mulhercasino evolutionum dos coment�rios da postagem.

"� muito �bvio que mulheres trans (BIOLOGICAMENTE HOMENS) precisam de uma categoria s� pra elas.

� um absurdo competirem na mesma categoria que mulheres porque possuem densidade �ssea diferente, for�a diferente etc.

Dizer isso n�o � transfobia, � o que � evidente", afirmou um homem sobre a mat�ria feita � �poca.

Para quebrar preconceitos e tirar as principais d�vidas sobre a participa��o de mulheres transcasino evolutioncompeti��es femininas conversamos com Leonardo Morjan Britto Pe�anha, professor de educa��o f�sica e pesquisador da Funda��o Oswaldo Cruz, e com a cientista norte-americana Joanna Harper, uma das primeiras pesquisadoras a estudar sobre pessoas transg�nero no esporte e assessora do Comit� Ol�mpico Internacional para pessoas trans .

Abaixo desvendamos cinco mitos que ainda circulam sobre a participa��o de pessoas transcasino evolutionesportes:

Mito 1: Atletas transg�neros t�m vantagens sobre atletas cisg�neros

Segundo Harper, mulheres trans,casino evolutiongeral, s�o mais altas e mais fortes e isso pode dar a elas algum tipo de vantagemcasino evolutionalgumas modalidades, por�m a mudan�a est�tica e hormonal pode retirar a explos�o e resist�ncia muscular que havia antes da transi��o de g�nero.

"Mulheres transg�nero ficam com menos massa muscular e capacidade aer�bica reduzidas, e isso pode levar a desvantagens na rapidez, recupera��o e resist�ncia.

Todas as pessoas trans tamb�m enfrentam muitos desafios sociol�gicos e psicol�gicos que tamb�m s�o prejudiciais para o desempenho esportivo', explica a cientista

Mito 2: Mulher trans mant�m a mesma for�a que tinha antes de fazer a transi��o

De acordo com Leonardo Pe�anha, a afirma��o � errada.

Neste processo, a pessoa � levada a fazer uma s�rie de tratamentos hormonais que atingem diferentes partes do corpo e fazem com que um indiv�duo tenha severas transforma��es biol�gicas.

"Muita gente n�o entende o impacto da reposi��o hormonal no corpo dessas pessoas.

N�o � poss�vel fazer a compara��o do corpo de uma mulher trans com a de um homen cis, como muita gente faz", afirma Leonardo Pe�anha.

"As mulheres trans perder�o for�a se sofrerem supress�o de testosterona, no entanto, as mulheres trans manter�o,casino evolutionm�dia, vantagens de for�a mesmo ap�s a terapia hormonal quando comparadas �s mulheres cisg�nero.

A magnitude dessa vantagem para mulheres trans atl�ticas ainda � desconhecida", contextualiza Joanna Harper.

Mito 3: Mulheres trans que competem ainda t�m um n�vel de testosterona alto

Mesmocasino evolutionn�veis bem mais baixos do que os homens, mulheres tamb�m produzem testosterona, o horm�nio respons�vel pelo desenvolvimento dos �rg�os sexuais masculinos, a produ��o de espermatozoides, o engrossamento da voz, o aparecimento da barba e o desenvolvimento dos m�sculos.

Em seu per�odo de transi��o, pessoas trans recebem um tratamento com uma quantidade grande de outros horm�nios que inibem a produ��o de testosterona.

Para quem competecasino evolutiontorneios oficiais � exigido uma s�rie de testes para a provar que os n�veis do horm�nio masculino est�ocasino evolutionn�veis de paridade com mulheres cis.

"Muitos �rg�os governamentais de esportes exigem que as mulheres trans reduzam os n�veis de testosterona antes de competir na categoria feminina.

A supress�o de testosterona mitigar�, mas n�o eliminar�, as vantagens que as mulheres trans ganham ao passar pela puberdade masculina", explica Joanna Harper.

Para participar de competi��es oficiais mulheres trans precisam fazer uma declara��o de pr�prio punho afirmando que pertencem ao sexo feminino, n�o podendo alterar essa declara��o ao longo de quatro anos.

Al�m disso, seus n�veis de testosterona n�o podem ultrapassar 10 nmol/L (nanomol por litro) nos doze meses anteriores �casino evolutionprimeira competi��o e pelo restante do tempocasino evolutionque competirem.

Durante todas as suas carreiras, as atletas trans ser�o monitoradas pelo Comit� Ol�mpico Internacional.

Mito 4: Deveria haver uma categoria exclusiva para pessoas trans

Al�m de ser segregacionista, essa linha de pensamento, se levada para outras �reas da sociedade, poderia fazer com que pessoas trans tivessem empregos espec�ficos onde pudessem atuar ou convivercasino evolutionambientes destinados somente a elas.

Na verdade, segundo Joanna Harper, n�o h� necessidade, nem n�mero suficiente de competidores para criar uma categoria voltada especialmente para essa parcela da popula��o.

"As pessoas trans representam apenas cerca de 1% da popula��o.

Isso significa que (a) as mulheres trans s�o muito poucas para superar o esporte feminino e (b) n�o h� pessoas trans suficientes para criar uma terceira categoria, especialmente quando se trata de esportes coletivos", esclarece a pesquisadora

Mito 5: Mulheres trans est�o tirando o espa�o das mulheres cis no esporte

N�o � poss�vel fazer essa afirma��o por conta do n�mero de mulheres trans que competemcasino evolutiontorneios oficiais ser extremamente baixocasino evolutiontodas as modalidades e por nem sempre haver qualquer tipo de vantagem f�sicacasino evolutionrela��o a outras competidoras cis.

Ajude a Ponte!

"As mulheres trans s�o substancialmente sub-representadascasino evolutiontodos os n�veis do esporte feminino.

Por exemplo, os Jogos Ol�mpicos de Ver�o de T�quio,casino evolution2021, viram a primeira mulher abertamente trans competir.

Estatisticamente, menos de 30 atletas trans competiramcasino evolutiontodos os Jogos Ol�mpicos".No total, 11.

363 atletas participaram da edi��o do ano passado das Olimp�adas.